domingo, 7 de junho de 2009

Ode à Marcy Mays


Entrei na sua casa
A porta estava aberta
A luz azulada da televisão iluminava a sala
Você estava ali, deitado no sofá
Imóvel, de olhos abertos

Imperceptível, olhei os retratos na cômoda
Garrafas de vinho vazias no chão
Taças reluzentes tomadas por sangue de línguas mordidas
Em busca de silêncio
Cigarros apagados mostram que a noite foi longa
Afghan Whigs na maior altura, implorando:
"Não me machuque, baby. Eu tenho medo quando você faz isso"

Cheguei tarde demais?
Tomo passos mais firmes e apressados
Os quartos desocupados
As caixas não lacradas
Roupas na mala, desarrumadas

Me coloco em sua frente
Seus olhos, brancos e inertes
Seus olhos que um dia foram meus
Seu corpo que um dia foi meu
Seu sangue, que um dia foi meu
Na minha taça, no meu sofá
Nas minhas imagens refletidas
No grande vazio que tomou conta de mim
Eu, minha alma, que agora se vai
Morta por minha própria proteção

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Arte by Cadjoo
Txt by Salem

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